Pesquisa da Rede Bionorte revela potencial anti-inflamatório do jatobá e reforça valor dos saberes tradicionais da Amazônia

Um estudo desenvolvido no âmbito do Programa de Doutorado da Rede Bionorte – Polo Acre, conduzido pelo pesquisador Joy Braga, acaba de resultar em uma revisão sistemática publicada na revista internacional Plants. A pesquisa reúne e analisa evidências científicas sobre as propriedades terapêuticas de espécies do gênero Hymenaea, conhecidas popularmente como jatobá, e destaca seu potencial anti-inflamatório, antioxidante, antimicrobiano e imunomodulador.



O trabalho sintetiza dados de estudos publicados entre 2002 e 2024, majoritariamente brasileiros, e confirma a importância da Amazônia como centro de diversidade biológica e cultural.

Para Joy, o estudo é também uma forma de reconhecer e valorizar a tradição medicinal da região. “O jatobá faz parte do cotidiano e da tradição medicinal de muitas populações amazônicas. (…) Quando a ciência se dedica a investigar o potencial terapêutico de uma espécie tão presente no uso popular, ela contribui para valorizar esses saberes”, afirma.

Formado no Programa de Doutorado da Rede Bionorte, Joy Braga reforça, em sua trajetória, a convergência entre conhecimento acadêmico e a prática tradicional que norteia o uso do jatobá há séculos. A pesquisa analisou compostos bioativos como flavonoides, triterpenos, procianidinas e xiloglucanos, associados a efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes observados tanto em modelos in vitro quanto in vivo.

“Os dados que analisamos mostram que compostos como flavonoides, triterpenos, procianidinas e xiloglucanos possuem ações biológicas relevantes, incluindo efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes e imunomodulatórios”, explica o pesquisador. Esses achados reforçam o potencial farmacológico das espécies de Hymenaea e apontam caminhos futuros para a biotecnologia amazônica.

Além de sintetizar evidências farmacológicas, a revisão publicada na Plants reúne informações sobre a distribuição ecológica das espécies, incluindo modelagens e mapas que demonstram a presença do jatobá em diferentes regiões da América Latina, com destaque para a Amazônia. Esse componente amplia o impacto do estudo ao conectar saúde, conservação e uso sustentável da biodiversidade.

A ecologia do gênero Hymenaea revela como as espécies se adaptam a distintos ambientes tropicais e reforça a necessidade de políticas integradas de conservação. Para a Rede Bionorte, trabalhos como este fortalecem a compreensão de como a biodiversidade amazônica representa, simultaneamente, patrimônio natural, base científica e oportunidade de desenvolvimento regional.

“A Amazônia é vida, ciência e futuro. (…) O jatobá é um exemplo disso: um saber tradicional que, quando encontra a ciência, transforma-se em possibilidade de cuidado e inovação”, afirma Joy.
Data: 14/12/2025
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