Doutoranda da Rede Bionorte leva pesquisa sobre biodiversidade alimentar e comunidades tradicionais para painéis na Blue Zone da COP30

A presença da ciência amazônica ganhou força na COP30 com a participação da doutoranda da Rede Bionorte, Bianca da Conceição Cabral (PPG-Bionorte/Marabá), que integrou dois debates oficiais na Blue Zone, espaço diplomático mais estratégico da conferência. Os eventos ocorreram nos dias 10 e 12 de novembro, em Belém, e reuniram pesquisadores, formuladores de políticas públicas e representantes de organizações internacionais.

Bianca, que realizou doutorado-sanduíche na Alliance Bioversity and the International Center for Tropical Agriculture (CIAT) (CIAT), sob supervisão do professor Dr. Danny Hunter e do professor Dr. Bernardo Tomchinsky (Bionorte/Marabá), levou para a COP uma discussão pertinente: a integração entre biodiversidade alimentar, comunidades tradicionais e políticas públicas de alimentação escolar.


Painel sobre biodiversidade alimentar e comunidades tradicionais

No dia 10 de novembro, Bianca participou do painel “Integrating Food Biodiversity and Traditional Communities into School Meals”, organizado por Ivanira Dias, Bianca Cabral, Andrea Frazão, Isameriliam da Silva e Marcos Moraes — uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA), Unifesspa e Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Alliance Bioversity. A atividade ocorreu no Food Roots and Routes Pavilion, promovido pelo Instituto Comida do Amanhã.

A pesquisadora destacou que a experiência foi particularmente marcante: “Participar da COP30, especialmente na Blue Zone, foi uma experiência satisfatória porque tive a oportunidade de representar a Unifesspa e a Bionorte, além de compartilhar parte da minha pesquisa sobre a integração da biodiversidade alimentar e comunidades tradicionais nos programas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar — PNAE”.

O painel discutiu o trabalho desenvolvido pelo Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (CECANE), apresentado pela professora Ivanira Dias, e abriu espaço para Bianca compartilhar resultados de sua pesquisa sobre a participação de comunidades tradicionais no PNAE. “Foi um momento de troca muito rico, com cerca de dez participantes. O público levantou discussões importantes sobre agroecologia no PNAE e experiências com o babaçu no Maranhão, o que ampliou o diálogo sobre práticas sustentáveis e locais”.

Debate internacional

Dois dias depois, em 12 de novembro, Bianca participou do painel “Delivering for Climate and Biodiversity: Lessons from Brazil’s National School Feeding Program”, organizado pelo CGIAR e pela FAO, também na Blue Zone. O encontro reuniu especialistas em alimentação escolar, segurança alimentar e políticas climáticas.

Bianca foi a única mulher amazônida na mesa — posição que, segundo ela, simboliza o papel fundamental da ciência produzida na região. “Foi incrível estar como a única mulher amazônida na mesa, podendo trazer o olhar de quem pesquisa a realidade da região e dialogar com coordenadores de políticas públicas nacionais que vêm aprimorando o acesso das comunidades tradicionais a programas como o PNAE”.

O debate reuniu nomes como Bernardo Tomchinsky (IESB/Unifesspa), Ryan Nehrin (IFPRI), Sérgio Schneider (UFRGS), Francine Xavier (Instituto Comida do Amanhã), Karine Santos (FNDE), Aulo Gelli (IFPRI) e Edson Anilo Cardoso (Prefeitura de Barcarena). As discussões se concentraram em soluções para compras públicas da agricultura familiar, conectando biodiversidade, mudanças climáticas e justiça alimentar.

“As discussões abordaram desafios e soluções para compras públicas da agricultura familiar, conectando o tema à biodiversidade, às mudanças climáticas. Foi uma honra poder representar a Amazônia e contribuir para esse debate global e urgente conectado à importância da alimentação para mudanças climáticas”, concluiu Bianca.
Data: 02/12/2025
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