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Professora da Rede Bionorte participa de projeto Internacional que visa desvendar a história da evolução da Amazônia
A professora Silane Aparecida Ferreira da Silva Caminha, renomada bióloga da Rede Bionorte e docente da Universidade Federal de Mato Grosso, foi recentemente convidada a integrar um importante projeto internacional que visa desvendar a história ambiental da Amazônia. Com uma carreira dedicada ao estudo da palinologia — análise de grãos de pólen e esporos fósseis e recentes —, Silane tem se destacado como uma das principais especialistas na área, contribuindo com sua expertise em um projeto que promete revelar novos insights sobre a evolução do bioma amazônico ao longo dos últimos 30 milhões de anos.
O projeto em questão, denominado Trans-Amazon Drilling Project (TADP), conta com um financiamento robusto de 3,9 milhões de dólares, proveniente de parcerias como o International Continental Scientific Drilling Program (ICDP), a National Science Foundation (NSF), o STRI e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Esses recursos permitiram a perfuração de rochas na Amazônia, sendo que a primeira amostra coletada atingiu uma profundidade impressionante de 900 metros. Essas rochas, que guardam registros preciosos sobre a evolução da Amazônia, foram enviadas para a Universidade de Minnesota, onde estão sendo analisadas por diversos pesquisadores.
A professora Silane explica que, durante o mês de agosto, ela e outros especialistas tiveram acesso às amostras na Universidade de Minnesota, onde puderam coletar materiais para suas pesquisas. "Foi um privilégio fazer parte desta etapa final de um trabalho que começou há 10 anos, com a iniciativa de um grupo internacional em parceria com a USP", comenta Silane. Ela destaca ainda que esta perfuração forneceu o registro contínuo mais profundo que a comunidade científica já teve acesso, revelando dados sobre a evolução do ambiente amazônico ao longo dos últimos 30 milhões de anos.
A importância deste projeto não se restringe apenas ao campo científico, mas também se reflete na comunidade local do Acre, onde a perfuração ocorreu. Durante os quatro meses de trabalho, a população do pequeno município onde o poço foi perfurado teve a oportunidade de se informar sobre os propósitos da atividade, compreendendo a importância de descrever a história ambiental da Amazônia. Para Silane, "este tipo de vivência na comunidade abre perspectivas de também se pensar sobre nossas ações no presente que podem impactar o futuro de um ambiente grandioso, mas bem sensível".
A convite do Dr. Carlos Jaramillo, do STRI, que foi um dos principais financiadores da primeira perfuração, Silane teve acesso privilegiado às amostras e agora colabora com pesquisadores internacionais na análise dos dados coletados. O uso de inteligência artificial será uma das ferramentas essenciais neste trabalho, auxiliando na identificação de grãos de pólen e esporos em centenas de amostras. "Este trabalho só é possível graças à infraestrutura disponível devido às parcerias internacionais", ressalta Silane, acrescentando que a falta de grandes investimentos em infraestrutura e tecnologia nas universidades brasileiras ainda representa um desafio significativo para a projeção do país em pesquisas de impacto global.
Silane acredita que o projeto TADP não apenas acelerá pesquisas em inteligência artificial na área de palinologia, mas também contribuirá para otimizar o tempo dos pesquisadores, permitindo que se concentrem em espécies raras e ainda desconhecidas. Ela enfatiza a importância das parcerias internacionais para a Universidade, destacando que elas fomentam a inovação, o desenvolvimento de novas tecnologias e aumentam a visibilidade da instituição no cenário global.
Formada em Biologia pela Universidade Federal de Rondônia em 2001, Silane possui Mestrado e Doutorado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, além de um Pós-Doutorado pelo Smithsonian Tropical Research Institute (STRI), no Panamá. Desde 2002, ela vem se dedicando ao estudo de palinomorfos fósseis, sendo uma referência na análise de amostras provenientes de poços perfurados na Amazônia.
Com uma trajetória sólida e uma contribuição valiosa para a ciência, a professora Silane Aparecida Ferreira da Silva Caminha continua a demonstrar o impacto que a pesquisa científica pode ter na compreensão do passado, presente e futuro da Amazônia.
Data: 13/09/2024