Título | CAFÉ DE AÇAÍ: UM ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO E TERAPÊUTICO |
Data da Defesa | 03/12/2024 |
Download | Visualizar a Tese(20.61MB) |
Banca
Examinador | Instituição | Aprovado | Tipo |
---|
Caroline Roberta Freitas Pires | UFT | Sim | Membro | Fernando Rodrigues Peixoto Quaresma | UFT | Sim | Membro | Glêndara Aparecida de Souza Martins | UFT/BIONORTE | Sim | Membro | GUILHERME NOBRE LIMA DO NASCIMENTO | UFT/BIONORTE | Sim | Presidente | Joenes Mucci Peluzio | UFT | Sim | Membro |
|
Palavras-Chaves | Euterpe oleracea; Medicina alternativa; Plantas medicinais; Prática integrativa. |
Resumo | O diabetes mellitus e suas complicações representam uma sobrecarga significativa para os sistemas de saúde e elevam as taxas de mortalidade em todo o mundo. Nos últimos anos, o uso de plantas medicinais tem ganhado popularidade como alternativa natural aos fármacos sintéticos, que frequentemente causam efeitos adversos. Entre a rica biodiversidade brasileira, destaca-se o açaí (Euterpe oleracea), fruto nativo da Amazônia, conhecido por seu alto teor de antioxidantes, como flavonoides e ácidos graxos essenciais, tornando-o um bioativo promissor contra o estresse oxidativo e os danos celulares sistêmicos. O pó da semente torrada e moída, popularmente chamado de café de açaí, é consumido por comunidades ribeirinhas da região Norte do Brasil e comercializado em feiras e lojas de produtos naturais. Segundo relatos etnofarmacológicos, a bebida possui possíveis efeitos hipoglicemiantes. Este estudo teve como objetivo avaliar o potencial hipoglicemiante do café de açaí em humanos, além de analisar sua composição, toxicidade e contexto etnofarmacológico. A pesquisa foi realizada em três etapas: análises fitoquímicas, bioensaios de toxicidade e um ensaio clínico prospectivo e observacional de braço único, registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (ReBEC). A coleta de dados incluiu revisão bibliográfica, entrevistas com a comunidade, análise centesimal do pó, identificação química por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, bioensaios de toxicidade in vitro e ensaios clínicos que avaliaram glicemia, frequência cardíaca e pressão arterial antes e após a ingestão do fitoterápico. Os resultados indicaram que o café de açaí analisado é seguro para consumo seguindo as recomendações do fabricante, não apresentando toxicidade nos testes realizados. O produto analisado possui compostos antioxidantes e bioativos benéficos à saúde, além de demonstrar propriedades hipoglicemiantes, energizantes e anti-hipertensivas, corroborando as práticas terapêuticas relatadas na região amazônica. No ensaio clínico, os efeitos hipoglicemiantes foram mais evidentes em participantes com maior IMC e baixos níveis de atividade física. Além disso, a reutilização das sementes de açaí contribui para a redução de resíduos sólidos, oferecendo benefícios ambientais. Os achados destacam que o grão torrado e moído, o produto analisado nesse estudo, como um produto fitoterápico bioativo, seguro e culturalmente enraizado, com potencial para ser explorado como alternativa terapêutica. |
Abstract | Diabetes mellitus and its complications represent a significant burden on healthcare systems and increase mortality rates worldwide. In recent years, the use of medicinal plants has gained popularity as a natural alternative to synthetic drugs, which often cause adverse effects. Among Brazil`s rich biodiversity, açaí (Euterpe oleracea), a fruit native to the Amazon, stands out for its high content of antioxidants, such as flavonoids and essential fatty acids, making it a promising bioactive agent against oxidative stress and systemic cellular damage. The roasted and ground seed powder, popularly known as açaí coffee, is consumed by riverside communities in the Northern region of Brazil and sold in fairs and natural product stores. According to ethnopharmacological reports, the beverage may have hypoglycemic effects. This study aimed to evaluate the hypoglycemic potential of açaí coffee in humans, as well as to analyze its composition, toxicity, and ethnopharmacological context. The research was conducted in three stages: phytochemical analyses, toxicity bioassays, and a prospective, single-arm observational clinical trial registered in the Brazilian Clinical Trials Registry (ReBEC). Data collection included a literature review, community interviews, proximate composition analysis of the powder, chemical identification using gas chromatography-mass spectrometry, in vitro toxicity bioassays, and clinical trials that assessed blood glucose, heart rate, and blood pressure before and after ingestion of the herbal product. The results indicated that the analyzed açaí coffee is safe for consumption when following the manufacturer`s recommendations, with no toxicity observed in the performed tests. The product contains antioxidant and bioactive compounds beneficial to health and demonstrated hypoglycemic, energizing, and antihypertensive properties, corroborating the therapeutic practices reported in the Amazon region. In the clinical trial, hypoglycemic effects were more pronounced in participants with higher BMI and lower physical activity levels. Furthermore, the reuse of açaí seeds contributes to reducing solid waste, offering environmental benefits. The findings highlight that the roasted and ground seed analyzed in this study is a bioactive, safe, and culturally rooted herbal product with potential to be explored as a therapeutic alternative. |