Resumo | O fruto de Myrciaria dubia é rico em bioativos, este apresenta alto teor de ácido ascórbico
e compostos fenólicos, por este motivo, o fruto vem ganhando destaque pela sua
capacidade antioxidante. O objetivo deste trabalho, foi desenvolver um biocosmético
semissólido com potencial antioxidante, contendo o extrato glicólico e/ou hidroalcoólico
da casca do fruto de M. dubia. Para tal, cascas pulverizadas foram submetidas a ensaios
físico-químicos (índice de intumescência, granulometria e perda por dessecação, teor de
cinzas totais, teor de cinzas insolúveis em ácido), para obtenção de extratos
hidroalcoólicos e glicólicos. Nos extratos foram avaliados a prospecção fitoquímica,
ácido ascórbico, teor de polifenóis totais e atividade antioxidante DPPH e ABTS+
. Após
o planejamento fatorial 2
3
, foi desenvolvida uma formulação base semissólida, tipo gel,
contendo goma xantana (1%), glicerina vegetal (6%), nipaguard® (0,25%) e água
deionizada (q.s.p 100ml). A esta formulação base foi incorporado extratos de M. dubia a
10%. A formulação base (FB) e as formulações contendo os extratos glicólico (FG) e
hidroalcoólico (FH) foram analisadas quanto a estabilidade preliminar e acelerada em
condições de estresse a curto (15 dias) e longo prazo (90 dias). A ação antioxidante das
formulações foram avaliadas pelos métodos de DPPH e ABTS+
. Os extratos
hidroalcoólico 70% (EHA) e glicólicos 10 e 20% (EG10 e EG20) foram obtidos de cascas
a partir de um pó moderadamente grosso com perda por dessecação de 13,53%, cinzas
totais de 1,95%, cinzas insolúveis em ácidos de 0,057%, pH 2,53±0,05 e índice de
intumescência de 1,1ml. O EHA apresentou 7011±39 mg/100ml de ácido ascórbico e
7,75% de polifenóis totais, enquanto que, nos EG10 e EG20 o teor de ácido ascórbico foi
3034±0 e 6137±0 mg/100mL e de polifenóis totais de 2,65 e 3,55% respectivamente. Os
extratos apresentaram capacidade antioxidante DPPH, com IC50 de 11,80, 48,95 e 25,26
µg/mL e ABTS+ de 92,91±0,205, 74,59±0,259 e 77,21±1,34% nos extratos EHA, EG10
e EG20, respectivamente. As formulações FB, FG e FH, apresentaram estabilidade frente
aos parâmetros organolépticos (cor, aspecto e odor), pH, condutividade e densidade nas
temperaturas de 5, 25 e 40º C. Ambas apresentaram um fluxo reológico não newtoniano
com comportamento pseudoplástico e tixotropia. As FG e FH possuem capacidade de
sequestro de radicais, com IC50 44,17±1,5 e 10,70±0,40 (tempo inicial) e 50,17±1,08 e
18,70±0,80 (tempo final de 90 dias) para DPPH e 23,45± 0,10 e 9,53 ±0,11 (tempo inicial)
e 30,45±0,10 e 24,45±0,10 (tempo final de 90 dias) para ABTS+
, respectivamente. Sendo
assim, extratos com cascas de M. dubia podem ser usadas para desenvolvimento de
biocosméticos com ação antioxidante devido principalmente seu alto teor de compostos
polifenóis e ácido ascórbico. |
Abstract | The fruit of Myrciaria dubia is rich in bioactives, it has a high content of ascorbic acid
and phenolic compounds, for this reason, the fruit has been gaining prominence for its
antioxidant capacity. The objective of this work was to develop a semi-solid biocosmetic
with antioxidant potential, containing the glycolic and/or hydroalcoholic extract of the
peel of the fruit of M. dubia. To this end, pulverized barks were submitted to
physicochemical tests (swelling index, granulometry and loss on desiccation, total ash
content, acid-insoluble ash content) to obtain hydroalcoholic and glycolic extracts. In the
extracts, phytochemical prospection, ascorbic acid, total polyphenols content and DPPH
and ABTS+ antioxidant activity were evaluated. After the 23 factorial design, a semisolid, gel-like base formulation was developed, containing xanthan gum (1%), vegetable
glycerin (6%), nipaguard® (0.25%) and deionized water (q.s.p 100ml). 10% M. dubia
extracts were added to this base formulation. The base formulation (FB) and the
formulations containing the glycolic (FG) and hydroalcoholic (FH) extracts were
analyzed for preliminary and accelerated stability under short (15 days) and long term (90
days) stress conditions. The antioxidant action of the formulations were evaluated by the
DPPH and ABTS+ methods. The 70% hydroalcoholic extracts (EHA) and 10 and 20%
glycolic extracts (EG10 and EG20) were obtained from bark from a moderately coarse
powder with loss on desiccation of 13.53%, total ash of 1.95%, insoluble ash in acids of
0.057%, pH 2.53±0.05 and swelling index of 1.1ml. The EHA showed 7011±39
mg/100ml of ascorbic acid and 7.75% of total polyphenols, while in the EG10 and EG20
the ascorbic acid content was 3034±0 and 6137±0 mg/100mL and total polyphenols of 2
.65 and 3.55% respectively. The extracts showed DPPH antioxidant capacity, with IC50
of 11.80, 48.95 and 25.26 µg/mL and ABTS+ of 92.91±0.205, 74.59±0.259 and
77.21±1.34% in the EHA extracts , EG10 and EG20, respectively. The FB, FG and FH
formulations showed stability against organoleptic parameters (color, appearance and
odor), pH, conductivity and density at temperatures of 5, 25 and 40º C. Both presented a
non-Newtonian rheological flow with pseudoplastic behavior and thixotropy. The FG and
FH have the ability to scavenge radicals, with IC50 44.17±1.5 and 10.70±0.40 (initial time)
and 50.17±1.08 and 18.70±0.80 (time end of 90 days) for DPPH and 23.45±0.10 and
9.53±0.11 (initial time) and 30.45±0.10 and 24.45±0.10 (final time of 90 days) for
ABTS+, respectively. Thus, extracts with M. dubia bark can be used for the development
of biocosmetics with antioxidant action, mainly due to their high content of polyphenol
compounds and ascorbic acid |